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"Acho que finalmente me dei conta que o que você faz com a sua vida é somente metade da equação. A outra metade, a metade mais importante na verdade, é com quem está quando está fazendo isso."

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O peso da crise prisional para os agentes


No epicentro do caos do sistema prisional brasileiro, agentes recorrem ao álcool e às drogas e, ao morrer, têm em média 45 anos de idade

As cenas que chocaram o Brasil desde que o caos dos presídios eclodiu em uma série de confrontos entre facções rivais são acompanhadas de perto todos os dias pelos agentes de segurança penitenciária, profissionais cuja função resume os paradoxo das cadeias brasileiras.

“Como esses funcionários vão agir ou suportar emocionalmente a carga de ver um preso sendo degolado? Imagine esse agente chegando em casa”, afirma o professor universitário Arlindo da Silva Lourenço, doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) que estuda a rotina de trabalho dos agentes.

Em sua tese de doutorado, defendida em 2010, Lourenço percebeu que, em média, quando falecidos, os agentes morriam por volta dos 45 anos de idade. “Não é uma expectativa de vida, mas esse dado indica que, ao morrer, esses funcionários são muito novos”, diz o especialista que atuou como psicólogo durante 24 anos em presídios do estado de São Paulo..

Isso se deve a uma série de fatores. O abuso de álcool, cigarro e outras drogas é recorrente entre esses profissionais bem como os afastamentos do trabalho por causas relacionadas a problemas psíquicos ou emocionais.

Nesta semana, os agentes de segurança penitenciária do estado do Rio de Janeiro fizeram uma paralisação durante três dias por atrasos no pagamento de salários. Eles reclamam também da falta de segurança e péssimas condições de trabalho.

“A gente precisa refletir sobre o papel da prisão na sociedade. Como entender a instituição sob o princípio de ressocialização se ela enjaula pessoas?”, afirma Lourenço. “A sociedade falha quando mantém as prisões como a única forma de controle da criminalidade”.

Veja trechos da entrevista que ele concedeu a EXAME.com nesta semana:

EXAME.com: O agente penitenciário tem o papel de ser o elo do preso com a realidade de fora do presídio. Qual é o peso dessa carreira para esses profissionais?

Arlindo da Silva Lourenço: O papel é muito grande, muito pesado. Pressupõe-se, a partir de uma tese falsa, que a prisão ressocializa, reeduca e reconstitui a vida do sujeito e que quem deverá fazer esse papel são os funcionários da prisão, particularmente, os agentes de segurança penitenciária, que têm um contato maior com o preso. Então, se espera que eles, além de serem agentes de segurança sejam também agentes reeducadores, reintegradores e ressocializadores.

O que há de errado com esse papel?

Na verdade, a gente precisa refletir sobre o papel da prisão na sociedade. Uma coisa são os objetivos confessados da prisão, de socializar e reeducar, outra coisa é o papel de exclusão e controle social da prisão. Como entender a instituição sob o princípio de ressocialização se ela enjaula pessoas? Essa contradição, esse paradoxo da prisão precisa ser entendido.

Em que o Estado falha no suporte para o agente de segurança penitenciária?

Primeiro, a sociedade falha quando mantém as prisões como a única forma de controle da criminalidade. Não estou discutindo se a prisão deve permanecer na sociedade. Estou discutindo que a sociedade falha quando pressupõe a prisão como a principal via de contenção da criminalidade, como se não tivessem outras penas alternativas.

Agora, o Estado falha também quando não dá condições mínimas para as pessoas e para os funcionários trabalharem com dignidade. São lugares frios, sujos, superlotados, com uma grande concentração de doenças infecto-contagiosas e um festival de facções. Isso tudo com um número limitado de funcionários trabalhando.

A sua pesquisa mostra que a idade média de óbito dos agentes de segurança penitenciária é de 45 anos. Por que eles morrem tão cedo?

Eu peguei dados de mortalidade, fui atrás dos atestados de óbito, fiz uma média aritmética simples e percebi que, quando mortos, esses funcionários tinham uma idade média muito baixa. Não é uma expectativa de vida, mas esse dado indica que, ao morrer, esses funcionários são muito novos e morrem em decorrência de uma série de fatores, como acidentes de trânsito, com armas de fogo, armas brancas e algumas doenças do coração.

Como trabalhar em presídios explica essas mortes?

A carga emocional é muito intensa. Pensando nos funcionários dos presídios [onde ocorreram motins] nas regiões norte e nordeste, como esses funcionários vão agir ou suportar emocionalmente a carga de ver um preso sendo degolado? Imagine esse agente chegando em casa com essa carga emocional intensa tendo que também toda a carga emocional familiar. Esse é um ambiente extremamente complicado para trabalhar.

O senhor menciona em sua pesquisa que uma grande parte dos agentes possuem um segundo emprego …

A grande parte tem um duplo emprego, uma outra função, geralmente, autônoma sem registro. Em São Paulo, a jornada dos agentes é de 12 horas de trabalho por 36 de descanso. Imagina permanecer 12 horas dentro de um presídio onde a tensão é sempre grande, sair daqui e ir para outro trabalho, geralmente, de 12 horas.

Outra questão que o senhor levanta é que 10% dos agentes pedem licença do trabalho. Quais são as razões mais comuns?

Muitos por estresse pós-traumático, alguns por psicose, outros por problemas relacionados à álcool, outros às drogas. A grande maioria por problemas psicológico ou emocionais. Esse dado é até maior em alguns estados.

Quando o senhor trabalhava em presídios, quantos psicólogos atuavam junto com o senhor?

Por volta de 1993 e 1994, nós éramos oito psicólogos para um contingente de aproximadamente 800 presos. Em 2015, éramos três psicólogos para 2 mil presos em Guarulhos, na penitenciária José Parada Neto. Isso é em todo o estado.

Quais são os momentos mais tensos do dia para o agente de segurança penitenciária?

No dia a dia, era abrir e fechar as celas. São dois ou três agentes para abrir celas de um pavilhão com 300, 400, 500, 600 presos ou mais. Imagine dois agentes de segurança penitenciária entrando num pavilhão abrindo cela por cela com as condições que a gente ouve. Esse é um momento do dia bastante tenso. Claro que tem vários momentos que vão caracterizando um pouco mais de tensão. Eu cheguei a ver, por exemplo, funcionários entrando no pavilhão para trancar presos e sendo rodeados por uma série de outros presos, que queriam intimidar dizendo quem estava no poder ou no comando.

A relação entre presos e agentes tende a ser amistosa?

Na maioria do tempo, é uma relação muito amistosa e de respeito mútuo. Esses eventos que estou dizendo são um pouco isolados, vão acontecendo, mas são facilmente tratados e resolvidos ali – evidentemente não uma rebelião, claro.

É possível repensar a função do agente?

Primeiro é discutir a forma como lidamos com a criminalidade. Não dá para você tratar o dependente químico ou o pequeno traficante de drogas da mesma forma como se trata o estuprador, o latrocida, o grande traficante. Essas coisas todas que as pesquisas mostram há muito tempo, mas que o Brasil não consegue avançar. O país continua prendendo indiscriminadamente, principalmente, a população mais vulnerabilizada. É uma verdade também que nosso sistema penal é seletivo, então, não é todo mundo que comete o mesmo crime que será preso. Essas coisas precisam ser discutidas no Brasil.

FONTE

sábado, 21 de janeiro de 2017

CAPS LOCK: a história da tecla mais berrante de TODAS

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo — Aline Sentone)

"O tempo passa e as pessoas ainda insistem em cometer equívocos  quanto a etiqueta  da digitação. Não há problema algum usar caixa alta para emprestar ÊNFASE a uma ou mais palavras. Contudo, totalmente dispensável uma sentença inteira em letra maiúscula. Quando o sistema (gerenciador eletrônico de documentos) usado no meu local de trabalho transforma tudo que escrevo em CAPS LOCK, me sinto babando e gritando".

Interessante este texto postado em 26 de agosto de 2012.  Soa tão atual que trago na integra para esta postagem.


É questão de etiqueta: todos que costumam utilizar a internet com frequência sabem que ESCREVER TUDO EM CAPS LOCK não é algo desejável na maioria das situações. Além de passar a sensação de que a pessoa que empregou o recurso está gritando, o uso de letras com o mesmo tamanho torna muito mais difícil a leitura de um texto.

Porém, a tecla que virou sinônimo de falta de educação e ódio não nasceu com o objetivo de provocar esse tipo de sentimento. O recurso, que teve sua origem nas velhas máquinas de datilografia, visava simplesmente ajudar a redigir textos que necessitavam de algum tipo de ênfase, em uma época em que inexistiam o negrito e o itálico.

Neste artigo, fazemos uma viagem pela história do Caps Lock, mostrando desde suas origens nobres até os projetos que pretendem extingui-lo para sempre em um futuro próximo. Após a leitura, deixe sua opinião sobre o assunto em nossa seção de comentários, mas não sem antes verificar se a TECLA NÃO ESTÁ ATIVADA.

Origem nobre

Quando foi criado, o Caps Locks nem sequer tinha o nome pelo qual ficou conhecido, sendo chamado de Shift Lock na época. Lançada em 1914, a máquina de escrever Remington Junior foi uma das primeiras a incorporar o recurso, que tinha o objetivo de facilitar a digitação de letras maiúsculas.


(Fonte da imagem: Reprodução/Typewriter.be)

A nomenclatura usada para batizar a então novidade tem origem clara: a tecla Shift (que significa alterar ou substituir), surgida pela primeira vez em 1878. Como não havia meios de diferenciar trechos importantes de um trabalho, muitas vezes era necessário deixar o botão pressionado manualmente durante longos períodos para criar uma composição em caixa alta.

Pensando nisso, foi desenvolvida a tecla que fazia esse trabalho de forma automática, o que acelerava em muito o trabalho de digitação. Como os teclados que usamos atualmente foram totalmente inspirados nas máquinas de escrever, a função foi mantida sem que seus efeitos colaterais negativos fossem levados em conta.

A primeira máquina a contar com a opção foi o Datapoint 2200, lançado em 1970, que logo foi seguido pelo Xerox Alto — disponibilizado em 1973, o aparelho é considerado por muitos como o primeiro computador com características realmente pessoais. No entanto, o estabelecimento do Caps Lock como um padrão só ocorreu em 1984 com a chegada do IBM Model M, que determinou o layout usado pela maioria das máquinas até hoje.

Os primeiros sinais do ódio

A origem do ódio que há atualmente contra o Caps Lock pode ser encontrada na Usenet, durante o período em que a internet como a conhecemos ainda dava os primeiros passos. Nessa época, a grande maioria das comunicações era feita essencialmente através de textos publicados em quadros de mensagens, e as opções de formatação não eram tão vastas quanto as disponíveis atualmente.

(
Fonte da imagem: Reprodução/Yahoo! News)

Essa situação fez com que o uso exclusivo de letras maiúscula passasse a servir como uma ferramenta para que as pessoas indicassem que estavam gritando. Outro exemplo de convenção criada na época foi o uso de asteriscos para indicar que determinado termo estava recebendo a *ênfase* que lhe era necessária.

Desde esse momento inicial começaram a surgir pessoas que, alheias ao real propósito do recurso que tinham em mãos, iniciaram os primeiros abusos. Conforme a rede mundial de computadores foi se tornando popular, o número de casos cresceu em ritmo alarmante, especialmente entre pessoas que não entendem o real propósito da tecla Caps Lock e acham que palavras digitadas em letras maiúsculas facilitam a visualização das palavras.

Letras que podem custar seu emprego

Embora seja difícil encontrar quem não tenha problemas com textos escritos somente em caixa alta, muitas vezes fica a impressão de que essa praga está se espalhando de maneira cada vez mais rápida.

Enquanto até pouco tempo atrás textos do tipo surgiam principalmente em emails escritos por familiares mais velhos ou com problemas de vista, hoje em dia basta abrir o Twitter ou o Facebook para ver diversas publicações em que o autor abusou do Caps Lock.

Mais do que simplesmente irritar seus conhecidos, o uso excessivo de letras maiúsculas pode fazer com que você perca o seu emprego. Em 2007, Vicki Walker foi demitida de seu trabalho na empresa neozelandesa ProCare Health por enviar uma quantidade excessiva de mensagens contendo palavras em caixa alta destacadas em vermelho e negrito.

Segundo a empresa, Vicki estava perturbando a harmonia entre seus colegas com um excesso de textos em que demonstrava falta de paciência e até mesmo agressividade. Como isso não constitui motivos para uma demissão com justa causa, a companhia foi forçada a pagar US$ 17 mil para a ex-funcionária devido ao fato.

Movimentos anti-Caps Lock

Em resposta ao uso excessivo do Caps Lock, surgiram pela rede diversos movimentos que apoiam a sua total eliminação de qualquer espécie de dispositivo. A esperança é a de que, caso as pessoas não tenham acesso à tecla, simplesmente vão deixar de escrever mensagens de uma maneira que agride a visão.

(Fonte da imagem: Reprodução/anticAPSLOCK.com)

Exemplo dessa luta é o site sueco anticAPSLOCK, que desde 2001 espalha a ideia de que o recurso deveria ser exterminado. Segundo os administradores da página, seu objetivo é “remover o botão de todos os teclados fabricados no futuro”.

Outro endereço que possui um objetivo semelhante é a CAPSoff.org, que inclusive chegou a formular uma carta aberta aos fabricantes sugerindo diversas mudanças no design dos teclados que chegam às lojas. Além de pedir que a tecla seja totalmente eliminada, o texto sugere a adição de um novo teclado numeral e de entradas para fones de ouvido em todos os dispositivos fabricados no futuro.

Esperanças para o futuro

Embora seja difícil pensar em um cenário no qual o Caps Lock simplesmente deixe de existir, já existem empresas que investem em dispositivos nos quais ela não está mais presente. Exemplo disso é a Google, que em sua linha Chromebook a partir do modelo CR-48 substituiu o botão por uma tecla que aciona o sistema-padrão de buscas do aparelho.

(Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo — Aline Sentone)

Outro exemplo é o padrão Colemak, terceiro mais usado no mundo (atrás do QWERTY e do Dvorak), que não apresenta nenhuma espécie de traço da existência do recurso. Até mesmo as máquinas do programa “Um Laptop por Criança” (OLPC) aboliram totalmente a presença da tecla, que foi substituída por um botão “Ctrl” a mais.

Embora iniciativas do tipo ainda sejam pontuais, elas mostram que há maneiras inteligentes de substituir o Caps Lock por recursos que realmente fazem a diferença na hora de usar o computador. Para aqueles que ainda insistem em abusar das letras em caixa alta, o “Shift” continuará sendo uma opção — só esperamos que o desconforto de ter que ficar segurando o botão sirva para desestimular essa prática.


https://www.tecmundo.com.br/teclado/28844-caps-lock-a-historia-da-tecla-mais-berrante-de-todas.htm

sábado, 14 de janeiro de 2017

Você está Comprometido com o Seu Local de Trabalho


A valorização profissional é um aspecto muito apreciado pelos colaboradores em seu trabalho e carreira. Demonstra o respeito, reconhecimento e cuidado da organização com seus profissionais e que ela deseja manter sua satisfação sempre em alta. Como forma de reconhecer isso, os colaboradores mostram ainda mais comprometimento com a empresa, o que é influencia diretamente nos resultados e crescimento de ambos.

Podemos entender então a valorização profissional como uma via de mão dupla, em que empresa e colaborador têm sempre muito a ganhar e que vale ser alimentada de maneira constante e positiva. Entretanto, você, como profissional, tem verdadeiramente demonstrado comprometimento com sua empresa? Será que você não tem recebido o reconhecimento que merece porque não está realmente comprometido com seu trabalho? O que tem feito para mudar isso?

Como Conquistar Valorização Profissional?

Trago estas reflexões para que você possa fazer uma autoavaliação e compreender, de forma clara e objetiva, que em qualquer relação é essencial que haja reciprocidade, ou seja, cada um deve dar o seu melhor. Se você deseja aumentar o nível do seu engajamento e, consequentemente, aumentar suas chances de ser valorizado em seu emprego, atente-se às minhas dicas e busque ter comportamentos compatíveis com o que a empresa espera de você!

Respeite as regras

Respeitar as regras, a hierarquia, cumprir os horários e prazos corretamente é uma forma de demonstrar comprometimento com a empresa. Isso evidencia que você é um profissional que entende a importância de manter os processos alinhados e de segui-los conforme orienta à organização. Além disso, mostra também que você é um colaborador com quem se pode confiar e contar para dar bons exemplos.

Vista a Camisa

Vestir a camisa é não medir esforços para fazer acontecer e levar a empresa a conquistar as metas e objetivos projetados. É colaborar ativamente com ideias, soluções, ser proativo e inovador em seu trabalho, buscar aprender com os mais experientes, ensinar os mais jovens e fomentar os resultados de forma sistêmica. Isso inclui investir continuamente em seu autodesenvolvimento, compreender seus pontos fortes e de melhoria e trabalhar para potencializar suas habilidades e eliminar gaps (brechas/falhas).

Seja proativo

Proatividade é agir sem precisar necessariamente receber ordens para isso. Se uma torneira está pingando, o que te impede de fechá-la? Se o seu colega está fazendo um trabalho do modo errado, o que custa orientá-lo a fazer do modo certo? Seja proativo, demonstre suas intenções positivas, resolva os problemas, faça sua parte e sempre um pouco mais. Colabore com suas ideias, proponha soluções para os problemas e seja um profissional sempre ativo.

Em resumo, podemos dizer que comprometimento representa muito para as empresas, pois uma equipe engajada e motivada rende muito mais do que qualquer outra. Como reflexo, vemos organizações priorizando a valorização profissional como forma de reconhecer seus colaboradores e dar-lhes as oportunidades de crescer que buscam em sua carreira.

FONTE


sábado, 7 de janeiro de 2017

Projeto Ponto Firme



Gustavo Silvestre tem uma forte relação com algo que a moda vem perdendo há tempos: o trabalho feito à mão. Em seu ateliê, localizado no espaço Casa do Povo, em São Paulo, o pernambucano não tem um estoque de peças produzidas em série para consumo imediato, cada criação é única e tem suas particularidades, o que torna cada item especial.


Peças como vestidos, maiôs, headpieces e joias são minuciosamente feitos com crochê, pedras e materiais com cores fortes que resgatam a identidade regional brasileira. Essas criações já conquistaram nomes como Sabrina Sato, Isabeli Fontana e Grazi Massafera.


Foto: Otavio Guarino.

Além da produção de peças exclusivas, Gustavo também está engajado em uma atividade social, o Projeto Ponto Firme, no qual dá aulas de crochê aos presos da penitenciária Adriano Marrey.

Confira a conversa da Comunidade com o designer, que nos recebeu em seu ateliê:

Comunidade Moto: Conte um pouco pra gente sobre como começou sua carreira de designer.

Gustavo Silvestre: Nasci em Pernambuco e me especializei em design de moda na Itália. Tive minhas coleções desfiladas na Casa de Criadores e também produzi o Ecoera, plataforma de sustentabilidade da moda brasileira.

A partir da vontade de transmitir o meu conhecimento de processos artísticos manuais e, principalmente, os benefícios que o crochê trouxe para minha vida, surgiu a ideia de criar o Projeto Ponto Firme, um trabalho voluntário que ensina as técnicas do crochê, com laboratórios de criação artística e experimental para sentenciados na penitenciária Adriano Marrey, de Guarulhos. Semanalmente, transformamos fios dos mais diversos materiais nas mais variadas peças.

Em menos de um ano, já formamos duas turmas, realizamos uma exposição e, hoje, batalho em busca de apoio e patrocínio para expandir o projeto. De acordo com a legislação em vigor, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto pode remir um dia de pena a cada 12 horas de frequência em cursos, caracterizada por atividade de Ensino Fundamental, Médio, Profissionalizante, Superior ou, ainda, de requalificação profissional, que é o objetivo das aulas de crochê.


Foto: Otavio Guarino.

CM: Seus trabalhos são conhecidos por serem minuciosamente feitos à mão. Qual a importância dessa escolha para você? Esse tipo de trabalho tem sido mais valorizado na moda brasileira?

GS: O meu primeiro contato com a agulha foi na infância, ao ver as mulheres da minha família sempre crochetando algo. Descobri no crochê uma forma de ter poder e a história nas próprias mãos. Para mim, os trabalhos manuais são, antes de tudo, uma herança. Aperfeiçoei as técnicas em aulas que fiz há alguns anos e, além da beleza dos pontos tradicionais, vi infinitas possibilidades de aplicação ao fazer parte da equipe da artista polonesa Agata Olek durante um trabalho que ela realizou aqui em São Paulo. Desde então, nunca mais parei. Hoje, desenvolvo joias, vestidos de noivas sob encomenda, figurinos para cinema, teatro, grupos de dança, além de produtos de decoração e peças artísticas.


Foto: Otavio Guarino.

CM: Conte um pouco para a Comunidade sobre o seu trabalho com joias e acessórios.

GS: Minha especialidade é crochê criativo experimental e moda sustentável, o que me dá liberdade de desenvolver desde joias até projetos artísticos de grande escala, que em breve estarão disponíveis no meu e-commerce.

CM: Como acontece o trabalho na Casa do Povo? Qual a importância de um espaço de produção como esse para a cidade e o desenvolvimento de artistas independentes?

GS: Durante décadas, a Casa do Povo dialogou de maneira crítica e construtiva com seu entorno, ao promover o que havia de mais experimental e inovador no bairro do Bom Retiro. Hoje, com 63 anos de existência, a proposta se mantém. Entre várias iniciativas, a Casa do Povo abriga também o G>E, grupo de pesquisa e projeto. G>E significa Grupo Maior que Eu e tem no coletivo sua força e forma. Pode-se descrevê-lo como um programa intensivo e extensivo de experiência transdisciplinar para uma política da imaginação. Política, pois está preocupado como organizamos os recursos, os espaços, a produção material e a vida que partilhamos. Imaginação porque se destina à formação de novas ideias sobre como fazer e manter a potência criativa ativa.


CM: A moda é conhecida por seus ciclos e frequentes releituras. Como você busca inspiração para não apenas seguir as tendências, mas criar algo novo a cada coleção?

GS: Neste mundo cada vez mais digital, acredito que tudo que é feito à mão terá um valor cada vez maior. Por isso, as pessoas que usam minhas peças são aquelas que valorizam, além do trabalho manual, a exclusividade. O que é feito à mão pode se tornar atemporal, independente de coleções: uma peça nunca vai ser igual a outra.


Foto: Otavio Guarino.

CM: Quais são os próximos passos para Gustavo Silvestre?

GS: Expansão do Projeto Ponto Firme. Queremos desenvolver uma coleção de roupas, acessórios e peças de decoração. Os meninos são muito talentosos e dedicados. As peças têm alma! A segunda exposição dos trabalhos realizados e a criação de um e-commerce são meus desejos para o próximo ano.




fonte

http://gnt.globo.com/programas/desengaveta/videos/5463836.htm

https://community.motorola.com/pt-br/blog/gustavo-silvestre